Te convido: reflita comigo.
Não há estrada pavimentada para quem ousa trilhar a senda da ascensão espiritual. Quem deseja elevar-se precisa primeiro suportar o peso de si, sem máscaras, sem atalhos, sem o conforto ilusório da acomodação; celebramos, quase em transe, a bondade que se exibe nas vitrines da solidariedade pública, aplaudimos mãos estendidas, mas raramente nos detemos para estudar os efeitos silenciosos da generosidade legitima. Aquela que age sem plateia e que, antes de alcançar o outro, transforma o próprio coração em um campo fértil para a simplicidade e humildade.
O amor é mais do que um sentimento idealizado, é a primeira ruptura necessária para tocar a perspicácia da sanidade, aquela que dispensa os elogios da adoração, porém, se ancora em verdades que, muitas vezes, preferimos não enxergar. Sendo assim, por maestria, o afeto, em sua forma mais pura beleza, ecoa compaixão, gratidão e honestidade… é o passo de quem já percebeu que acumular conhecimento é pouco. É a inspiração, e não a erudição, que verte a verdadeira sabedoria no solo da alma.
Amar… Ah! O amar, de fato, não é um adorno da jornada, mas a própria estrada do despertamento. No entanto, é no amor que a consciência encontra sua gentil serenidade, sua límpida lucidez, sua educada sobriedade; é no amor que a sensatez se encontra, madura e sem pressa, como quem sabe que as raízes profundas não têm a vaidade de aparecer.
O resto: os rituais, as teorias, as petulâncias de saber, são somente desvios transitórios, encruzilhadas de uma única estrada que só se desvela aos olhos de quem teve a ousadia de se despir de si para se encontrar no outro.
Edson Rosa