sábado, 17 de maio de 2025

 











O dia que a morte chegar, que ela não encontre somente um cadáver moribundo, ressequido pelo tempo, mas que se depare com um energismo humano vibrante, com a sinergia sutil de uma essência que ousou ser inteira, que ela, a morte, veja ali não somente um corpo que se apagou, mas uma história que incendiou corações, um espírito que se recusou a viver apagado na penumbra da rotina. Que ela encontre, sim, um corpo frio, inerte, mas com uma alma em paz e, quem sabe, com um leve desenhar de sorriso escorrendo pelo olhar que um dia brilhou por sonhar de forma faceira; porque há honra em viver com sensatez, serenidade, integridade e inteireza.


Há dignidade em não se entregar à existência pendurada à própria sombra.

Bendito é o homem que vive, e não apenas sobrevive.

Bendito é aquele que, ao ler estas palavras, tenha sensibilidade e lucidez para decidir, com sobriedade, ao menos sobre aquilo que lhe habita a intimidade, e assim, que escolha ser autor de si, em meio às falhas e cansaços, assim sendo, por competência de autossuperação, por zelo do seu próprio amor, transforme sua vida, pouco a pouco em algo mais acolhedor e sereno, mais digno, mais seu.

Edson Rosa.

sábado, 10 de maio de 2025

 Não, não é uma resposta completa? Não, não é, e talvez nunca precise ser. Essa decisão que brota do íntimo, esse movimento silencioso de retorno a si, não é uma resposta completa ao que te feriu, ao que te silenciou, ao que te diminuiu.


Não é um grito de guerra, nem uma bandeira de vingança.

Não, é, antes de tudo, um sussurro firme da alma que escolhe não se abandonar. Trata-se de um selo em forma de um pacto sagrado com a própria essência, uma declaração de
autonomia espiritual que, embora não explique o mundo e suas injustiças, afirma com altivez: eu sou o meu próprio abrigo e não me nego mais a isso.

Não é uma resposta ao abuso físico, emocional, psicológico ou espiritual, mas é um rompimento com a lógica da submissão e do sofrimento, é um olhar voltado para dentro, para a intimidade una e essência absoluta; onde pulsa um amor que não se curva mais ao desrespeito. Onde mora uma gratidão branda, mas inabalavelmente transformadora, por aquilo que ainda resiste e floresce dentro de si… Esse gesto de empoderamento pessoal não vem da ira, tampouco da raiva, mas da sensatez da lucidez.

Não! Não encerra o ciclo da dor, mas inicia o ciclo da reconstrução que pode, por autenticidade, ressignificar tudo. É o primeiro degrau da travessia que se faz por vias da generosidade silenciosa e por sensibilizado senso de afeto, que, por dignidade, compreende que se amar é um ato político e um fato espiritual, profundamente transformador. Sim, essa escolha, essa firme recusa em continuar se ferindo por espelhos despedaçados, não responde a tudo; no entanto, responde a você, e isso já basta, porque há uma expectativa que vive aí dentro, cheia de perguntas curiosas e de cuidados zelosos: Quem eu posso me tornar se eu finalmente me permitir ser inteiro?

Todavia, não! Não é uma resposta completa, mas é o início de tudo que realmente importa.

Edson Rosa

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