sábado, 10 de maio de 2025

 Não, não é uma resposta completa? Não, não é, e talvez nunca precise ser. Essa decisão que brota do íntimo, esse movimento silencioso de retorno a si, não é uma resposta completa ao que te feriu, ao que te silenciou, ao que te diminuiu.


Não é um grito de guerra, nem uma bandeira de vingança.

Não, é, antes de tudo, um sussurro firme da alma que escolhe não se abandonar. Trata-se de um selo em forma de um pacto sagrado com a própria essência, uma declaração de
autonomia espiritual que, embora não explique o mundo e suas injustiças, afirma com altivez: eu sou o meu próprio abrigo e não me nego mais a isso.

Não é uma resposta ao abuso físico, emocional, psicológico ou espiritual, mas é um rompimento com a lógica da submissão e do sofrimento, é um olhar voltado para dentro, para a intimidade una e essência absoluta; onde pulsa um amor que não se curva mais ao desrespeito. Onde mora uma gratidão branda, mas inabalavelmente transformadora, por aquilo que ainda resiste e floresce dentro de si… Esse gesto de empoderamento pessoal não vem da ira, tampouco da raiva, mas da sensatez da lucidez.

Não! Não encerra o ciclo da dor, mas inicia o ciclo da reconstrução que pode, por autenticidade, ressignificar tudo. É o primeiro degrau da travessia que se faz por vias da generosidade silenciosa e por sensibilizado senso de afeto, que, por dignidade, compreende que se amar é um ato político e um fato espiritual, profundamente transformador. Sim, essa escolha, essa firme recusa em continuar se ferindo por espelhos despedaçados, não responde a tudo; no entanto, responde a você, e isso já basta, porque há uma expectativa que vive aí dentro, cheia de perguntas curiosas e de cuidados zelosos: Quem eu posso me tornar se eu finalmente me permitir ser inteiro?

Todavia, não! Não é uma resposta completa, mas é o início de tudo que realmente importa.

Edson Rosa

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